Uma visão não-acadêmica de A Origem da Desigualdade Entre os Homens

Publicado em 1755, A Origem da Desigualdade Entre os Homens é considerado um prelúdio de Jean-Jacques Rousseau para O Contrato Social, de 1762, sua obra mais conhecida.
O filósofo inicia seu ponto de vista, direcionando-se "À República de Genebra", em que idealiza a república perfeita, ou como seria se escolhesse seu lugar de nascimento, e já no início mostra a qual "entidade" atribui a origem da desigualdade e qual seu principal desencadeador: o poder, ou o abuso deste.
Seu conceito é baseado na justiça e na coletividade, evidenciado em uma citação sobre uma fictícia cooperação entre duas cidades, que em vez de tentativas de dominação e ambição exacerbada, elas se unem e se ajudam. A política romana está fortemente exemplificada, assim como uma lei firme, incorruptível, atribuindo importância aos magistrados. Seu apoio as revoluções e lutas em nome de um bem maior é constantemente reafirmado, ao passo que as repudia se a população não se mostra digna de desempenha-las. 
A pergunta mais essencial que desperta a leitura (e com certeza despertou a escrita) do livro é: como entender a origem da desigualdade sem conhecer os homens? Os homens evoluíram, mas em alguns permaneceram características primitivas, o que traduziu-se como a causa da desigualdade perante a sociedade, sem menosprezar a dificuldade em discernir o que é da natureza primitiva e o que foi adquirido posteriormente.
As duas formas de desigualdade inerentes à espécie humana são a desigualdade natural, ou física, que aborda o homem primitivo, e a moral, ou política, que disserta sobre o poder.
O desenvolvimento do discurso da Origem da Desigualdade Entre os Homens é apresentado em duas partes, e contém um breve discurso, o prefácio e as notas.
Enquanto lia Rousseau, passava na TV o filme Lendas da Paixão, em que Brad Pitt interpreta Tristan, homem com temperamento selvagem, primitivo, livre. Durante o filme, uma analogia do personagem aos ursos é feita, mostrando a ligação do personagem com a espécie, devido ao seu temperamento. Ao assistir esta parte, o leitor, caso esteja imerso em Rousseau, vai compreender quando é dito que para entender a desigualdade, deve o homem "se ver tal como a natureza o formou": não domesticado pelos costumes da sociedade moderna.
Karl Marx, mas não só ele, reproduz em seu Manifesto do Partido Comunista um fragmento desta teoria, quando Rousseau argumenta sobre a igualdade e a coletividade.
A obra de Rousseau versa sobre a organização em sociedade e é implacável. Busca nas mais variadas referências a consistência para ter se tornado uma grande influência atemporal para a sociedade.
"Quisera, pois, ter almejado que ninguém no Estado pudesse dizer-se acima da lei e que ninguém, fora dele, pudesse impor alguma que o Estado fosse obrigado a reconhecer porque qualquer que possa ser a constituição de um governo, se nele houver um só homem que não esteja submetido à lei, todos os outros ficam necessariamente à discrição desse e, se houver um chefe nacional e outro estrangeiro, qualquer que seja a divisão da  autoridade que possam fazer, é impossível que ambos sejam bem obedecidos e que o Estado bem governado."

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