Sentimentos Literários – Lolita (Vladimir Nabocov)

Oie! Tudo bem com vocês!? Espero que sim! Estou trazendo o post de hoje como um Domingo Literário e também como um Sábado Pipoca. Isso porque, além de falar de um livro, também estarei falando de um filme. Trata-se da polêmica obra Lolita de Vladimir Nabocov. Fiz o dever de casa direitinho, e além de me torturar com a leitura que me devorou 1 semana, ainda tive estômago para encarar o filme. Porém, para minha surpresa, o filme tinha uma pegada diferente... 



Finalmente posso marcar como lido o clássico tão polêmico, Lolita. 
Não há como deixar de dizer que trata-se de uma obra prima. Não apenas por se tratar de um tema pouco explorado, ou por nos apresentar um narrador diferente, mas por nos mostrar uma das mazelas da humanidade mostrada de um novo ângulo. Trata-se de um mergulho em uma mente doente. Um homem que perde a guerra contra a insanidade e nos mostra com detalhes seus conflitos e seu desequilíbrio fatal.
Isso tudo já seria o bastante para classificar o clássico Lolita como incrível! Porém, vai além disso! A genialidade do autor supera esse mergulho no caos. Ele consegue casar poesia com monstruosidade e o resultado é um banquete literário!
A escrita é absolutamente harmônica com a proposta de nos transportar para dentro de uma mente perturbada. O narrador vagueia entre passado e presente, adianta fatos que nos deixa confusos, confunde desejo e prazer com culpa e remorso, nos desorientando a todo tempo, a ponto que me senti, diversas vezes, obrigada a voltar algumas páginas. 
A riqueza de detalhes, a intensa descrição de lugares, aspectos ambientais... tudo isso caracteriza Humbert o narrador, o pedófilo, o desesperado, o louco!
A história começa quando Humbert, um homem de meia idade, tenta a todo custo nos convencer de que sua patologia teve início após ele perder uma namorada na adolescência. Seu grande amor morreu e isso fez com que, apesar de se tornar adulto, ele passasse a tentar encontrá-la em toda criança que cruzasse seu caminho. Porém, Humbert classifica as meninas com idade de 09 a 14 anos, com auto poder de sedução e persuasão, como ninfetas. E são elas que ele procura nos parques. 
Quando ele conhece Lolita, finalmente consegue realizar suas fantasias.
Lolita é Dollores Haze, uma menina de 12 anos, cínica e atrevida. Possui uma relação péssima com a mãe e é órfã de pai. 
Quando Humbert aluga um quarto em sua casa, a menina exerce um poder enigmático e enlouquece ainda mais o narrador. 
Para se manter próximo a Dollores, o pedófilo casa-se com sua mãe. E após um acidente que acarreta na morte da mulher, Humbert se torna o único com poder de criar sua Lolita.
A partir daí, a narrativa se torna insuportável! Uma tortura para quem enxerga em Lolita uma vítima do pedófilo. 
Algumas pessoas, encaram Lolita como uma menina realmente sem nenhuma inocência. Outros, conseguem enxergar no livro, uma verdadeira história de amor!
Sinto, mas com certeza isso tudo foi demais para mim! Após abandonar a leitura por 3 vezes, mantive o pacto comigo mesma de encarar a história e termina-la a fim de demonstrar minhas reais impressões. 
Eu poderia considerar diversas explicações freudianas e dizer que Dollores procurava um pai na figura de Humbert. Mas não tenho capacidade para isso. Só posso dizer que hora nenhuma Dollores parecia feliz com seu caro narrador. Tudo começou com investidas infantis, ou de uma empolgação por perceber sua capacidade de seduzir um homem mais velho e bonito. Mas de certo, a menina não previa transformar-se uma escrava sexual. Isso ficou bem claro, quando o narrador a coagiu dizendo que ela não tinha para onde ir e nada restava além de se manter perto dele. 
A história é maçante e com certeza me despertou muito nojo. Fiquei a todo tempo tentando chegar até a parte que se caracterizava como uma história de amor. Mas não, Lolita trata-se de um mergulho na insanidade, uma tortura!
Enfim... o final com certeza surpreendente e digno de um filme! 
Tudo isso, classifica Lolita como um verdadeiro deleite para os amantes da literatura, porém, um martírio para mim!
Falando do filme, isso sim me deixou furiosa!
O leitor que também viu o filme, pode ser influenciado e realmente encontrar uma proposta de "história de amor". 
Enquanto no livro, Humbert era um homem completamente perturbado desde o início, no filme, podemos considerar que a grande razão de sua loucura foi Lolita.
A menina se mostrava muito mais alegre e animada na adaptação, bem diferente daquela menina mal humorada que conhecemos no livro. Hora nenhuma ela mostrava sofrimento, nem em um nem no outro, porém, o filme nos leva a crer mais uma vez que a culpa era dela. Que realmente tratava-se de uma menina altamente sensual e com seus hipnóticos traços juvenis levou um homem à insanidade. Encarei isso, como uma característica da nossa sociedade machista.
O filme romantiza o olhar de Humbert e coloca a mulher mais uma vez como culpada por seu alto poder de sedução. Não restando ao homem nenhuma outra opção, senão ceder as suas fantasias. É claro que visto dessa forma, colocando a mulher no papel de irresistível e o homem como o cãozinho abandonado e servo de suas fantasias sexuais, a obra Lolita passa a ser mais leve e aceitável para seus espectadores. 
Sinto muito mesmo, caro leitor/espectador, se não me mantive imparcial nessa resenha. Por isso, não gosto de chamá-las de resenha, e sim, de Sentimentos Literários. 
Lolita é uma obra indispensável para quem ama literatura, para pais, professores e para estudiosos da mente humana! Porém, devo classificá-la como uma das piores experiências literárias que já tive! Não trarei nenhum trecho da obra em respeito a minha repugnância. Mas dividirei com vocês algumas palavras do prefácio feito por John Ray, Jr. 


“Como caso clínico, Lolita será visto como um clássico nos meios psiquiátricos. Como obra de arte, transcende seu aspecto expiatório. Todavia, mais importante do que sua relevância científica ou valor literário é o impacto ético que o livro deve exercer sobre o leitor sério, pois nessa dolorosa trajetória pessoal transparece uma lição de cunho genérico: a criança desobediente, a mãe egoísta, o maníaco ofegante não são apenas vívidos personagens de um drama excepcional. Eles nos advertem sobre tendências perigosas, apontam para gravíssimos males. Lolita deveria fazer com que todos nós — pais, educadores, assistentes sociais — nos empenhássemos com diligência e visão ainda maiores na tarefa de criar uma geração melhor num mundo mais seguro.”



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