Desafio 642 - Tema 21 (A última vez que você chorou)

Olá! Boa noite, pessoal! Estamos aderindo a um projeto chamado "642 coisas sobre as quais escrever". A cada terça-feira, uma pessoa da equipe do Clube escreverá sobre um tema. Trata-se de uma brincadeira para estimularmos nossa imaginação e dividirmos nossa criatividade com vocês.
Começaremos com a Aléxia Vargas.
Ela tem 15 anos, é uma leitora voraz e apaixonada!


Lá estava eu, embaixo do carvalho que ficava no cemitério, faltava tão pouco tempo para o seu enterro, mas eu tive que me afastar de todos. Eu estava me sentindo sufocada com os falsos pêsames.
Sentei no chão não ligando se eu estava de vestido ou não, eu só precisava me sentir ligada à terra de novo.
Ele sempre comentava sobre como meus cabelos compridos e ruivos ficavam lindos em contraste com a grama, mas agora nunca mais irei ouvir a sua voz, só de pensar nisso eu tenho vontade de me afogar na terra aonde piso, para não ouvir mais nada.
Como pude deixar aquilo acontecer, se pudesse trocaria de lugar com ele faria isso sem nem pensar uma vez, mais não dá, ele está morto.
ELE ESTÁ MORTO.
Caio em prantos com essa revelação, não tinha caído completamente ainda a ficha, mas agora eu finalmente entendi.
ELE ESTÁ MORTO.
E a culpa é minha, nunca mais irei sentir os seus beijos na minha testa, a sua barba mal feita fazendo cosquinha no meu corpo, afinal ele estava morto, e agora aqueles lábios quentes e com gosto de café com chocolate estavam tão brancos e frios!
Será que ainda teriam o mesmo gosto?
Será que ele ainda teria o mesmo cheiro de terra molhada?
Não poderia dizer, não consegui ver o seu cadáver, pedi para fecharem o caixão sei que não iria aguentar vê-lo lá, tão frio e distante como ele nunca foi comigo, se o visse nem sei o que faria mas a minha alma ia se lascando a cada segundo que eu passo sem ele.
Será que se eu der um beijo de amor verdadeiro, como diziam as histórias que a minha mãe contava para mim na minha infância, ele se despertaria como uma princesa?
Se ele ouvisse esse meu pensamento teria ficado puto da vida, afinal ele sempre foi o tipo bruto testosterona pura, porém comigo ele se tornava um verdadeiro filhote de cachorro, sempre tão cuidadoso e ciumento acima de tudo, ele me conhecia mais do que todos, ele era meu melhor amigo.
Nessas horas eu sinto saudades da minha mãe, talvez se ela tivesse aqui a dor não fosse ser tão forte!
E foi nesse momento que eu vi que qualquer vez, que eu tivesse chorado antes tinha sido apenas falsidade, só existia uma verdadeira dor, e eu a estava sentindo naquele momento como se estivesse rasgando a minha carne, procurando uma saída, mas não existia.
E foi naquele dia que eu prometi nunca mais chorar a não ser pela verdadeira dor, essa que me corroía aos poucos de dentro para fora.





Comentários

Postar um comentário

Deixe seu comentário!

Postagens mais visitadas deste blog

II Encontro de Fãs Harry Potter (De Cara Nova)

Se eu não fosse poeta

Feminismo, por Ayn Rand