Resenha - O segundo sexo
Simone de Beauvoir é
uma intelectual francesa, que viveu entre 1908 e 1986, que foi referência do
movimento feminista e que nos presenteia com títulos bastante instigantes.
Em O segundo sexo, a autora incita refletirmos sobre o que é
ser mulher. Encarnar a mais pura essência da alma feminina, sem poesias, crua e
realista. Bela e firme. Uma análise biológica, social, mitológica e histórica
sobre o papel da mulher na sociedade. O livro incentiva a mulher a viver com
plenitude sua liberdade, libertando-se de imposições sociais sobre a condição
feminina.
Apesar de escrito em 1949, o livro é muito atual. O que nos
faz refletir ainda mais: se um livro com essa abordagem, apesar de tantos anos
ainda se mantém atual, é porque nossa sociedade está obsoleta quando o assunto
é mulher.
O livro é dividido em três partes: Destino, história e
mitos. Vale a pena ler a obra completa.
“Uma segunda conseqüência da inércia resignada das trabalhadoras
foram os salários com que tiveram de se contentar. Foram propostas várias
explicações para o fenômeno — que depende de um conjunto de fatores — de os
salários femininos terem sido fixados num nível tão baixo. Não basta dizer que
as necessidades das mulheres são menores do que as dos homens; isso é apenas
uma justificação posterior. O mais certo é, como se viu, que as mulheres não
souberam defender-se contra seus exploradores; tinham que enfrentar a
concorrência das prisões que lançavam no mercado produtos fabricados sem
despesa de mão-de-obra. Elas se faziam mutuamente concorrência. É preciso,
ademais, observar que é no seio de uma sociedade em que subsiste a comunidade
conjugai que a mulher procura emancipar-se pelo trabalho; ligada ao lar do pai
e do marido, contenta-se, o mais das vezes, com trazer para casa um auxílio;
trabalha fora da família mas para esta; e como não se trata, para a operária,
de atender à totalidade de suas necessidades, ela é induzida a aceitar uma
remuneração muito inferior à exigida por um homem. Contentando-se grande
quantidade de mulheres com salários inferiores, o conjunto do salário feminino
alinha-se naturalmente nesse nível que é o mais vantajoso para o empregador. “
(Pág 151 – O segundo sexo, Fatos e mitos)
“Jogos e sonhos orientam a menina para a passividade: mas
ela é um ser humano antes de se tornar uma mulher; e já sabe que aceitar a si
mesma como mulher é demitir-se e mutilar-se; e se a demissão é tentadora, a
mutilação é odiosa.” (Pág 35 – O segundo sexo, A Experiência Vivida)
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